por Andréa del Fuego
O homem sente e é vítima da inveja, mas a mulher é quem normalmente a detecta, no trabalho, esse sentimento pode minar sua energia e diminuir sua produtividade. Aurélio explica a inveja como “o desejo violento de possuir o bem alheio”.
Mecanismo mais remoto que a própria existência do homem, por esse “desejo de possuir o bem alheio”, a água apagou e tomou o lugar do fogo na formação da superfície do planeta, meteoros caíram sobre a terra exterminando dinossauros, e assim um elemento foi, ora tomando o lugar, ora somando-se a outro para que algo florescesse. Tudo isso pra dizer o seguinte: inveja é natural e pode exterminar ou fazer evoluir. O sentimento pode provocar um deslocamento ascendente se você souber lidar com ela. Como? Contemplemos os degraus da inveja.
Primeiro vem a picada, a visão do colega sendo elogiado ou promovido machuca, pois a leitura deste gesto é: o que se deu para o colega é o que não foi dado a mim. O outro ganhando significa você perdendo. Matemática atávica.
Segundo, vem o bloqueio deste sentimento largamente condenado e punido. Você se contorce na cadeira, briga com os músculos que levam um sorriso de contentamento à boca enquanto seu coração luta por fechá-la.
Terceiro, vem o luto pela perda imaginária, que a faz, como viúva, oprimir-se perante a fatalidade. O calor dos três estágios varia conforme a insegurança de cada uma, mas o processo é o mesmo.
O segredo está em trabalhar o segundo degrau, aquele momento do bloqueio. Você poderá, com o tempo, aprender a camuflar esse sentimento com a experiência vivida, mas não pode, de forma alguma, esconder a inveja de você mesma. Assuma-a para transformá-la.
Coloque frente a frente a mulher que é civilizada e não pode perder a linha num ambiente de trabalho, nem quer prejudicar ninguém, com a mulher que, como criança, gostaria de limpar da frente a pessoa invejada como se faria com um brinquedo que não agrada mais. Se dê tempo e espaço para um diálogo interno a fim de conhecer e educar sua criança mimada.
Inveja, como diz a origem da palavra em latim, invidere, quer dizer “não ver”, talvez por isso a sensação de cegueira. Com dois olhos saudáveis no rosto não há porque perder os belvederes da estrada, tudo por querer o que acredita não ter. Por que falar da inveja do ponto de vista de quem a sente? Porque há possibilidade de crescimento pessoal, lidar com o inimigo se aprende olhando para ele.
Sentir inveja é a possibilidade de converter uma energia gerada caoticamente em algo construtivo, ela chega como um ímpeto que bate no peito, um sopro, um despertar. Se você deseja o que é do outro, será que seu objetivo de vida está visível pelo caminho que escolheu? É um descontentamento que obriga a repensar e corrigir seus atos.
Abra os olhos e não torne-se viúva de seus sonhos.
Invidere, Inveja, Belvedere…
por Andréa del Fuego O homem sente e é vítima da inveja, mas a mulher é quem normalmente a detecta, no trabalho, esse sentimento pode minar sua energia e diminuir sua produtividade. Aurélio explica a inveja como “o desejo violento de possuir o bem alheio”. Mecanismo mais remoto que a própria existência do homem, por […]